A presença de público no Open da Austrália foi permitida com as devidas precauções, regularizadas pelas entidades de saúde.
Realizam-se partidas até ao dia 21 de fevereiro.
Alguns jogadores adaptaram-se à ideia da ausência de público no Open da Austrália. O choque de emoções que o público provoca, para esta fase inicial, parece ter sido um processo de reação demorada por parte dos tenistas, que já não estavam habituados a esta situação.
Cabe aos jogadores usar essas novas emoções e transformar isso em atitude e confiança, sejam estas positivas ou negativas. Cabe a cada jogador tirar proveito da presença do público no Open da Austrália ou não, dependendo do seu perfil psicológico.
Lleyton Hewitt, ex-campeão, recitou a seguinte frase: “No ténis, o jogador controla o seu próprio destino e tudo depende de si”.
O jogador pode tomar controlo de uma partida com a ajuda do público, é um impulso emocional. A presença do público é uma das verdadeiras causas de alterações de padrões comportamentais mais evidentes em qualquer tipo de desporto - a presença de público no Open da Austrália não é exceção.
No caso do ténis, existem muitos jogadores que conseguem praticar bom ténis sem a necessidade de público, mas também existe um número bem maior de jogadores que necessitam da aprovação do público para ter uma boa performance.
Vejamos os seguintes exemplos onde o público no Open da Austrália foi extremamente decisivo:
- Stan Wawrinka vs Marton Fucsovics
Ao analisar este jogo chego à conclusão de que o suíço sentiu uma necessidade de aprovação por parte do público para apoiar o seu jogo (ausência de comitiva, ausência de fãs de outros países). Recordo-me que o Stan Wawrinka, nos seus tempos de glória, era um jogador muito adorado pelo seu público, o jogador sentia a necessidade dessas emoções para transformar-se na sua melhor versão.
Essas emoções acabaram por ser transportadas para o lado do seu adversário que estava a sentir um grande apoio da sua comitiva húngara em massa no estádio. Creio que essa influência pode ter sido um dos fatores determinantes para a derrota do suíço.
- Ajla Tomljanovic vs Simona Halep
O apoio do público no Open da Austrália a favor da Ajla Tomljanovic foi o suficiente para a força da australiana, que esteve quase a vencer Simona Halep. Mas Halep, por ser uma jogadora forte psicologicamente e por saber ultrapassar as barreiras, principalmente quando já passou por essas situações, foi a vencedora deste jogo. Neste torneio, houve muitos jogos que a Halep esteve quase a perder, mas acaba por conseguir dar a volta.
- Nick Kyrgios vs Ugo Humbert
O desfecho do jogo deveria ser a vitória do Ugo Humbert. O francês teve em mão dois match points para terminar a partida. Mas por incrível que pareça, Nick Kyrgios alia-se ao público e entra em modo de sobrevivência, onde acaba por conseguir dar uma grande reviravolta com um serviço descomunalmente bem executado. Foi uma ferida emocional muito agressiva para o francês, que sentiu muito menos público que o suíço Stan Wawrinka.
Nota: É importante tirar partido do fator - quem o público está a apoiar e quais os jogadores que sabem tirar proveito da presença do público para se sentir com os pés assentes no court e utilizar isso a seu favor. Podemos ter uma comitiva apoiante incondicional (caso Marton Fucsovics), como podemos ter adeptos patriotas (caso Nick Kyrgios e Tomljanovic).
Nas apostas desportivas, o fator público é um condicionante extra que nos ajuda a encontrar mais oportunidades de valor para explorar. É também importante verificar o estado psicológico em que o jogador se encontra; se haverá um alinhamento emocional entre o público e o jogador e se realmente isso vai refletir-se na realidade.
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