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Um Jogador de Futebol Profissional sabe Apostar?

Um Jogador de Futebol Profissional sabe Apostar?

Como é o dia-a-dia de um jogador de futebol? Motivações e obstáculos. Um jogador de futebol profissional sabe apostar? Pode, a sua prestação, influenciar diretamente uma aposta?

Estes e outros temas em debate para ler nesta entrevista.

por FutebolPobre   |   comentários 0
terça, janeiro 12 2021

O ano de 2020 foi pautado por grandes desafios e o futebol nacional e mundial não foi exceção. Clubes, jogadores, técnicos, e até mesmo adeptos tiveram de se reinventar e reorganizar para conseguirem manter altos os níveis de motivação e empenho que caracterizam esta modalidade.

Um Membro da Comunidade da Academia das Apostas esteve à conversa com um jogador profissional, e aqui fica o relato direto e “sem papas na língua” dos momentos mais importantes de um jogador, dentro e fora das quatro linhas.

Pelo meio, o jogador foi desafiado a vestir a “camisola de apostador” e a partilhar a sua perspetiva, na escolha de algumas estratégias e análises.

Nota: por motivos profissionais não nos será possível identificar o jogador. 

Balneário. Equipa. Ausências. Expulsões.
O que Move um Jogador de Futebol Profissional?

P - Como vês a má sequência de grandes clubes como Dortmund, Barcelona, Real, Valência entre outros?

R - Como jogador, a única coisa que posso dizer, é que, pessoalmente, não conheço nenhum jogador que queira jogar para perder. Ganhar está no sangue de qualquer profissional da área. Agora, depende de vários fatores e equipas. Se pegares no exemplo do Barcelona, e são várias as opiniões, sim Messi, segundo sei, é um verdadeiro líder de balneário e quando um líder já não tem aquela vontade de ficar num clube, começam os chamados “contos e ditos” “grupinhos” de balneário, e em equipa é muito importante a união. Não estou a dizer que Messi separou o balneário, mas um jogador como Messi pode muito bem destabilizar por completo o balneário.

Vou dar-te um exemplo que passei pessoalmente numa equipa de primeira divisão. O nosso balneário era muito unido. Nas folgas fazíamos as nossas festinhas mais privadas em casa de um ou outro. A determinada altura, um ex-colega teve a infeliz ideia de tentar seduzir a mulher de outro colega (e as pessoas nem fazem ideia do quão comum é no mundo do futebol) e essa senhora acabou por se envolver nesse caso. Claro que a verdade veio ao de cima. Os colegas chegaram a vias de facto, meteu direção ao barulho, a direção não queria demitir nenhum deles - o que é certo é que, todo o envolvimento que havia no balneário, mexeu com a estrutura do clube e foram 8 jogos sem vencer, simplesmente por causa dos grupos que se criaram após o facto. Não estou a dizer que foi o que aconteceu com Messi, longe disso. Messi tem a história de estar saturado do Barcelona e o Barcelona não o deixar sair.

Agora em relação a maus resultados, eu avaliaria a situação por algo que de facto, por mim falo, faz muita falta ao futebol - o PÚBLICO. Por mais estranho que pareça, o público faz muita falta nos estádios, porque tu treinas mais focado no teu trabalho e quando te equipas e entras no estádio para o aquecimento, o que tu sentes é um vazio, um enorme vazio.

Nada mudou no futebol a não ser a ausência de público.

Quem conhece a nossa cidade e sabe que estando a jogar em casa com um resultado não favorável ou tangencial, tu sabes, sem olhar para o ecrã, que o minuto 80 chegou, o jogo está prestes a terminar e, ou tens de marcar ou aguentar, porque o público deu-te aquele aviso, puxou pela equipa. O público muitas vezes leva a equipa ao colo e não consigo descrever a situação em palavras, mas sei que, na reta final, tu tens de dar tudo de ti e, com o apoio do público, vais buscar forças extras que pensavas já nem ter. Isso já me aconteceu por diversas ocasiões em situações de lances divididos: um sprint que já nem contava ter de fazer, etc. O que acontece sem público é que perdes o ânimo, tu próprio queres quebrar o ritmo de jogo, sobretudo se estiveres a vencer porque estás num ovo vazio, mesmo que vaiado, tu sentes a falta do público.

Essa é a minha análise, porque nada mudou no futebol, nem tática nem tecnicamente. As equipas são as mesmas, umas com mais reforços que outras, mas o que já vem a ser normal há décadas. Nada mudou.

 

P- Como é que uma equipa prepara um jogo com um adversário?

R- A preparação divide-se em várias fases ao longo da semana.

A primeira fase, pós jogo, é normal apenas com treino de descompressão normal, regra geral de manhã.

A segunda fase, passa por uma análise em vídeo do jogo anterior onde a equipa técnica fez a avaliação dos erros cometidos pela equipa, e de seguida, fazes uma réplica em campo as vezes necessárias, programada pela equipa técnica, até que tudo tenha ficado alinhado.

Na terceira fase, após ter recebido o trabalho dos Scouts, a equipa técnica elabora o treino em conformidade com os dados obtidos. Os principais aspetos a ter em conta são jogadores potencialmente mais rápidos, mais técnicos, na possibilidade de estes jogarem, a forma como a equipa joga, desde sistema tático, técnico etc., qual a sua maior fonte de rendimento e treinamos formas de pressão por forma a pará-lo a anular o seu trabalho. É importante termos o máximo de informação possível de forma a que o jogo seja preparado detalhadamente.

No entanto, nunca estamos muito ligados a números, tais como série de vitórias, derrotas ou golos porque o futebol é o momento. Eu de apostas percebo pouco. Apenas pelo que vejo de amigos meus, mas não acho de todo relevante ou imperial que se veja um confronto direto de equipas.

Por exemplo, nós defrontámos o Tondela ontem, sabíamos por experiência de jogos passados que ia ser um jogo difícil, num estádio muito difícil para qualquer equipa, com uma equipa muito bem orientada e organizada. Mesmo assim, eu acho que não faz sentido ligar a números passados, porque o Tondela, deste ano, tem jogadores que a época passada não tinha, com características diferentes, com métodos diferentes e isso pode e vai condicionar a tua análise (isso é uma certeza, isto falando de apostas). Se tiveres que obter informação, que essa informação seja do menor espaço de tempo possível, e ainda assim convém não te agarrares muito aos números porque, no futebol, o que foi no sábado passado, no próximo sábado já pode ser totalmente diferente. Jogas sempre contra equipas diferentes, características diferentes, objetivos diferentes e isso condiciona muito uma análise e aqui, tanto vale para a nossa preparação como atletas de alta competição, como para apostadores sejam profissionais ou não.

Nunca estamos muito ligados a números, tais como série de vitórias, derrotas ou golos porque o futebol é o momento. Eu de apostas percebo pouco.

 

P- Ausências. Até que ponto te sentes condicionado no jogo se a tua equipa tiver uma ausência de peso?

R- Muda tudo. Por mais que tu saibas que esse jogador vai ter um substituto, em determinados momentos do jogo, as características de um vão ser sempre diferentes do outro e tu vais sempre saber que se fosse “aquele” jogador, estaria ali naquele preciso momento e espaço que agora o outro não está porque requer também uma adaptação da parte de todos. Isso pode condicionar o teu jogo por completo, porque o atual jogador por ter essas diferentes características, pode não cabecear a bola tão bem, logo o teu jogo pode deixar de ser de cruzamentos para a área e passar a ser de passes de rotura para dentro de área ou para a entrada de área, e a equipa pode não estar rotinada nesse aspeto, o que vai acabar por condicionar o jogo.

O outro jogador já sabe como cruzar porque sabe quem vai estar na área, enquanto o substituto pode ter mais dificuldade nos cruzamentos por não ser tão eficaz a cruzar. A ausência de um só jogador pode alterar por completo um esquema tático e de evolução no jogo.

Isto falando da frente de ataque. Na defesa, requer ainda mais cuidados por se tratar de uma zona crítica, porque em abono da verdade, chutar a baliza qualquer um sabe, defender é que nem por isso, daí ser uma zona mais critica.

Por norma, quando isso acontece é comum veres alterações táticas na defesa onde muitas vezes o sacrificado passa a ser o médio defensivo que faz muitas vezes uma ajuda ali como terceiro central para vir ajudar na retaguarda sempre que o adversário ataca, mas, ao fazê-lo, pode também criar desequilíbrios porque alguém vai ter sempre de proteger o espaço deixado no meio campo enquanto tem de ter sempre a preocupação de atacar ao mesmo tempo, o que é muito difícil e esgotante fazer.

Portanto, um jogador altera muito as condicionantes do jogo. E além de tudo isto, um aspeto muito importante e que, por vezes, foge aos olhos do adepto comum são os fatores motivacionais e de confiança. Eu vi jogos do nosso campeonato da Segunda Liga (porque gosto de ver e, para mim, como jogador, é importante até para tirar as minhas notas pessoais para estar mais preparado), que se viram privadas de jogadores muito importantes, e que o estilo de jogo mudou completamente, inclusive vi jogos que a sensação que deixou foi que a bola queimava nos pés, portanto, claramente, ali o fator confiança da equipa estava muito em baixo. Claramente isso condiciona logo a equipa tanto que curiosamente um desses jogos acabou por terminar empatado muito por conta da ineficácia, mas também porque ao longo do jogo a equipa nunca teve a capacidade de adaptação que deveria ter tido, e isso foi claramente marcado pela falta de um só jogador importante. O que é muito comum ouvires nestes casos é “ah a equipa gastou X milhões e depende de um jogador”.

Cada um tem a sua opinião, mas eu também conheço pessoas em trabalhos comuns e fazem esse trabalho há uma data de anos e erram constantemente quando já têm uma experiência avultada nesse trabalho e seria menos provável estarem suscetíveis ao erro.

arbitro-expulsão

P – Falando de jogadores que alteram o sistema. Expulsões. Como é que a equipa reage a uma expulsão? Dos dois lados. Quem vê a expulsão e quem sofre com a expulsão.

R- Ambas são difíceis, mas vamos começar pelo adversário com jogador expulso e criar vários cenários - acho que é bom para a vossa profissão ou hobbies nas apostas e também tentares perceber como funciona num interior de uma equipa.

Jogador adversário expulso com resultado empatado. Automaticamente e somos todos assim, é humano, o que te vem à cabeça é uma motivação extra. Sabes que muito provavelmente o adversário vai tirar alguém do ataque (caso tenho sido alguém da retaguarda a sair). Portanto, a nossa defesa estará aqui um pouco mais tranquila nesse capítulo e terá até alguma liberdade de subir linhas, o que pode condicionar ainda mais o adversário. Ao mesmo tempo, sabes que a defesa adversária continuará com o mesmo número de jogadores, mas a motivação que a expulsão fez gerar da nossa parte vai levar a continuar a ir para cima insistentemente até conseguires marcar.

É até comum tu veres da parte da equipa que tem ainda os 11 jogadores a jogar contra uma equipa com 10, colocar mais um homem na frente. Isso não significa de todo, que a equipa está desesperada para marcar. É uma opção tática, que te permite ainda mais que o adversário reduza as linhas. Se eu já estava a jogar com 2 avançados, se colocar um terceiro avançado, ou mais um médio criativo, o adversário que com 10 jogadores já iria explorar apenas o contra-ataque, terá agora de ter ainda mais cautelas face ao número de homens que agora terá pela frente. Ou seja, a equipa adversária fica muito mais trancada na retaguarda.

No entanto, por vezes, não é assim tão simples (e já passo depois a explicar) porque nem tudo é um passeio no parque só porque tens um homem a mais.

A mesma situação, mas já com o adversário a perder.  É praticamente a mesma coisa e a tua equipa até pode alterar algo em termos táticos e lá está, mais uma vez, meter mais um homem na frente para criar desequilíbrios (acontece 90% das vezes). A vencer, dá-te a sensação imediata no teu íntimo que está encaminhado o jogo, mas não podes relaxar. Podes é por vezes quebrar propositadamente o ritmo de jogo.

Se o jogador expulso é o da tua equipa. A fase a que queria chegar, por vezes não penses que por teres mais um homem se torna mais fácil ou um passeio no parque porque vai ser a mesma dificuldade. Isso depois varia muito de equipa para equipa. O nosso balneário é muito unido, e já aconteceu algumas vezes esta época ficarmos reduzidos a dez elementos e, seja em que posição do campo for que fiquemos desfalcados, a nossa reação é imediata.

Nós temos um pacto interno como jogadores, amigos, com base na nossa união, no nosso querer e nos nossos objetivos de fim de época, que cada um corre um pouco mais e não vamos deixar queimar o colega por um cartão. Aqui também se vê a força dos balneários, são coisas que passam despercebidas ao adepto comum, mas sim, muitas equipas estão preparadas para isso, inclusive muitas das vezes treinamos esse tipo de aspeto.

Estás a treinar normalmente e, de repente, aleatoriamente, o técnico manda sair um jogador de campo (às vezes até o jogador mais influente) e, naquela altura, sabes que é o momento que tens de te adaptar a uma situação real, como se fosse um jogo real para estares preparado. Portanto, da nossa parte, ajustamos posições e cada um sabe que tem de correr um pouquinho mais do que falta jogar, porém é muito mais cansativo e quanto mais cedo esse jogador for expulso, maior vai ser o desgaste físico, que depois pode trazer variadíssimas condicionantes ao jogo.

As ausências e expulsões são fatores fulcrais na hora de avançar com uma aposta, também concordam? Acompanha os jogos de hoje e verifica estes e outros dados tão relevantes, antes de fazeres a tua próxima aposta.
 

P – Clubes grandes. Vocês só jogam bem contra os grandes. Mito ou Realidade?

R- É a pergunta mais fácil de todas. São os jogos mais fáceis por vários fatores. São os melhores treinos da semana.

Primeiro, porque a pressão sempre estará do lado do Clube Grande. Segundo, porque é um jogo que, à partida, já está dado como perdido, dada a diferença de qualidade de planteis, orçamentos etc. É um jogo que não tens nada a perder nem a ganhar, são três pontos em disputa normais, porque no geral tu lutas contra uma equipa que não é do teu “campeonato” e a nossa obrigação é vencer aos nossos rivais diretos.

No entanto, há vários fatores a ter em conta. Imagina que estás numa dieta e o teu dia livre de comer doces é aquele dia. Para nós, os grandes são o nosso dia de comer doces. A pressão já esta do lado deles, logo vamos jogar muito mais descontraídos por não sentir a pressão de vencer, o fator de motivação é inequivocamente muito maior, e talvez será outro ponto importante que não falámos lá atrás acerca das derrotas dos grandes clubes.

Nós somos pequenos, já estamos habituados a pouca gente nos estádios e essas equipas que já têm a pressão de vencer sob o calor dos adeptos, sem apoio pode tornar-se ainda mais difícil pelo que expliquei. Liberdade de pressão, motivação extra. O nosso objetivo sempre passa por retardar. Quanto mais tarde o golo, melhor e depois depende das equipas grandes se sabem ou não trabalhar contra o relógio, mas, à medida que o tempo passa, a pressão para eles aumenta, daí veres muita vezes clubes, a escassos minutos do fim, a bombear bolas para a área, que, por norma, são bolas fáceis para defesa - o instinto acaba sempre por ser mais forte e passas a jogar mais com o coração do que com o cérebro.

Outro fator importante é também o fator casa/fora. Tu em casa vais sentir-te muito mais confortável, além dessa motivação de jogar contra um grande, vais jogar muito mais descontraído e tudo isto tem de facto a ver com o fator pressão. A jogar contra um Benfica, Porto, Sporting, a pressão é deles, para nós é mais um jogo. No entanto, por todos estes fatores, isto pode ser relevante para vocês, se tirares os dados estatísticos de todos os grandes favoritos do mundo inteiro, vais encontrar um número de golos sofridos desses favoritos com uma taxa muito superior fora de casa do que em casa. Porque eu sei, por exemplo, se me deslocar ao estádio da Luz, a minha ação tática vai ser diferente, vai ser mais contida, vou tentar apenas explorar o contra ataque. Em minha casa, eu tenho mais à-vontade e liberdade de explorar o ataque. Além de que normalmente essas equipas que já fazem uma pressão absurda sobre a defesa, em sua própria casa, essa pressão é ainda maior, o que dificulta mais ainda esse processo de saída com bola.

De resto é um jogo normal, não jogamos só bem contra os grandes. Os espectadores, em Portugal, é que só assistem a futebol quando um grande está envolvido e, invariavelmente, esta esmagadora maioria, das vezes que joga com um pequeno é essa a ideia que fica, mas está errada. Eu não vejo por exemplo as pessoas a ligarem a TV para assistirem por exemplo a um Paços Ferreira vs Rio Ave, depois o desconhecimento traz essa ideia. Mas lidamos muito bem com isso.

Vocês só jogam bem contra os grandes? São os jogos mais fáceis por vários fatores.

P- Por falar em motivação. Como dás a volta psicologicamente a uma série consecutiva de derrotas ou uma goleada?

R- Hoje em dia, todos os clubes trabalham com psicólogos, coach, etc. Mas a palavra chave antes de entrares numa espiral de maus resultados chama-se treinador. E nesse capítulo nós perdemos um grande homem chamado Vítor Oliveira.

Eu fui treinado pelo Vítor duas vezes. Tornou-se meu amigo pessoal e era um homem que não te deixava cair por nada. O treinador é a chave para te tirar dessa espiral. Eu lembro-me do Vítor levar vídeos motivacionais para o balneário antes dos jogos, era único, era a força em pessoa, ele gritava contigo até ficar rouco porque ele sabia que tu podias render muito mais e levava-te ao limite, portanto, se tu já tens uma pressão de não venceres e não tiveres um treinador que te eleve a autoestima, que puxe por ti, essa espiral vai continuar sem precedentes.

Como é que nós ultrapassamos isso? Trabalho, foco, ânimo, mas, por vezes, há coisas incompreensíveis. Mas se continuares a trabalhar duro, um dia esse azar vai terminar.

Eu lembro-me de uma sequência de 7 jogos sem vitórias, e num jogo aos 83m houve uma grande penalidade. Na altura da marcação, eu só pensava na vitória, e ir abraçar o meu treinador ao banco que bem merecia. Acho que a bola deve ter saído uns 2 metros acima da trave. Quando tudo te corre mal não há nada a fazer a não ser treinares mais, focares-te mais, porque uma vitória pode mudar tudo.

No nosso caso, que esta época até estamos bem, ouve-se música animada no balneário, fazem-se palhaçadas, dança-se, há tempo para tudo foi a lição que aprendemos da época passada numa dessas espirais também de 9 jogos com maus resultados. O segredo foi mesmo foco no trabalho, concentração absoluta, algumas palestras, quer do treinador, quer do psicólogo do grupo, porque, na realidade, se tu estiveres bem, mais dia menos dia, as coisas boas vão aparecer, e esse é também o nosso trabalho como grupo: tentar elevar ao máximo a nossa própria autoestima, dos colegas de trabalho e apoio do treinador. Nesse capitulo, também tens um outro grande nome, Sérgio Conceição, por quem já fui treinado, no entanto, por razões pessoais - prefiro não tocar nesse nome - mas o Sérgio é um grande mestre em motivação e o Porto nesse aspeto está muito bem servido.

P- Chicotadas psicológicas. Porque é que invariavelmente as equipas vencem quando chega um treinador novo?

R- Pelo que acabámos de falar. Fator motivacional. Não há um único treinador no mundo, seja o Pepe Guardiola, seja o Klopp, seja o Mourinho ou o Jorge Jesus que mude a forma de uma equipa jogar numa semana. Isso leva semanas, às vezes meses a interiorizar. Motivação. Quando um clube muda de treinador é porque a situação chegou a um limite de desgaste entre ambas as partes.

O novo treinador apenas vem com um discurso preparado para te criar empatia ao primeiro impacto, mostrar que está ali para o que precisares dele, é um novo palestrante nos primeiros dias e essa palestra pode mudar tudo. Traz no saco esperança, motivação e a vontade que ele faz passar com essa mensagem.

Eu já tive uma situação de um treinador despedido a um sábado, chegou um novo treinador numa terça feira e essa semana ninguém, rigorosamente ninguém, treinou com bola. No jogo seguinte, conseguimos uma vitória. Foi porque jogamos melhor? Não. Jogamos da mesma forma exatamente, mas a nossa alegria de jogar estava nos píncaros, tínhamos uma motivação muito melhor e a certeza que agora ia dar certo.

E durante o Jogo? Como é feita essa Gestão Emocional?

P- Vamos falar de jogo jogado. Cada vez mais as bolas paradas são importantes. Qual é a importância que a equipa dá às bolas paradas e que preparação fazem durante um treino?

R- Hoje em dia é de uma importância vital ter bons batedores. Um jogo pode decidir-se num livre, num canto, num penalty. Regra geral (nós) temos dois batedores oficiais de bolas paradas: um para lances do lado direito, outro do lado esquerdo.

No entanto, por opção do treinador, qualquer um pode e está apto a bater a bola, se assim o entender por opção tática ou técnica. Trabalhamos bastantes bolas paradas nos treinos e de todas as formas. Cantos com remate à baliza, cantos com saída de contra-ataque, livres a diferentes distâncias e de vários lados. Por semana, dedicamos cerca de 4h a 6h só ao batimento de bolas paradas com penaltis inclusive.

P- Explica-me o motivo dos cantos curtos.

R- Esse é o tipo de lance que se ouve da bancada o famoso “que canto de merda”, mas há claro um estudo que foge ao comum adepto.

Posso estar enganado, mas quem iniciou este “vício” do canto curto foi o Barcelona há já vários anos atrás por um senhor chamado Paco Seiru-lo, o “pai” do tic tac, que pouca gente sabe quem é. O canto curto apenas serve para iludir o adversário.

Vocês que apostam e têm essas estatísticas podem verificar melhor, mas com a anterior marcação de canto direto apenas 1 em cada 14 cantos dava golos, com esta versão 1 a cada 9 cantos dá golo. Isso deve-se ao posicionamento da defesa, ou se quisermos aprofundar melhor, à falha de marcação defensiva provocado pela saída de bola curta.

Imagina que és um defesa e passaste a semana a treinar cantos defensivos da maneira tradicional. Tu estás talhado para aquilo, sabes o que tens a fazer como defesa. Supõe que, tu és defesa, o adversário ao tocar a bola curta a tua intuição é não deixar quem tem agora a bola progredir. O problema é que tu, que és o mais próximo, tens mesmo de sair ao portador da bola, porque ele não vai ter medo de ir até à área e rematar a baliza. Ele treinou essa equação também. Agora imagina que tu sais, mas a tua posição fica descoberta e vai haver um adversário que se vai colocar nela, e o que os defesas mais próximos corrigir a tua posição e avançar para o cobrir e vão deixar espaços em aberto, e por vezes com tanto homem na área já ninguém sabe quem marca quem, devido ao espaço deixado pelos jogadores.

Essa é a verdadeira essência do canto curto, confundir a defesa. Claro que isso se treina. Por isso, tu vês sequências diferentes de cantos e nunca sabes se o canto sai curto ou longo porque, seja curto ou longo, tu vais quase sempre ter um jogador perto de quem bate o canto, e esse jogador por si só já está a arrastar consigo um defesa que fica ali próximo dele. No fundo, o canto curto, até mesmo nós que os fazemos quando os sofremos, o pensamento também é mais ou menos o do adepto, mas numa outra vertente. “La vem merda”. Porque é mesmo extremamente difícil defender esse tipo de cantos até porque, na esmagadora maioria, vai originar cruzamentos fechados, que são um verdadeiro perigo para a defesa.

Essa é a verdadeira essência do canto curto, confundir a defesa.

P- Ainda bem que falas de cruzamento fechado. Cobrança de faltas laterais. Cruzamento fechado ou aberto? Qual o mais perigoso?

R- A resposta é que o cruzamento fechado é 80% mais perigoso que o cruzamento aberto.

Mas vamos por partes. Vamos supor que tu ou algum apostador tem uma estratégia de entrar nessas bolas paradas. Vamos simular uma falta lateral do lado direito. Quando tu vês uma falta no corredor direito, e quem vai bater essa falta é alguém que vai bater com o pé direito, essa equipa claramente tem jogadores que têm um grande poder de impulsão, são muito fortes no jogo aéreo. Nessa circunstância, a bola vai ser batida, vai descrever um arco para fora a fugir da baliza, mas vai sempre situar-se entre a marca de grande penalidade e a linha de pequena área. São, geralmente, bolas batidas com muita força onde esse jogador forte nas bolas aéreas, apenas tem de colocar a cabeça para que a bola vá para a baliza com bastante violência.

Porém esse tipo de lance, por ser numa posição frontal à defesa, é regra geral, teoricamente, mais fácil de defender, porque o defesa está de frente para o lance, a bola já vai a sair da baliza quando descreve o arco e torna-se mais fácil na teoria claro. Agora, quando tu vês que o livre vai ser batido no corredor direito, mas quem vai bater o livre é um esquerdino, isso representa sinónimo de apuros para a defesa e, passo a explicar a diferença.

No livre anterior, tu tens uma defesa que está de frente para o lance, mas que a bola faz uma trajetória de saída da linha de baliza. Aqui tu vais ter precisamente o contrário. Uma bola que vai ser cruzada com o destino do segundo poste, sempre. Esses livres vão ser sempre batidos de forma direta para o segundo poste, ou poste mais distante como lhe queiram chamar. É importante que tenhas atenção a vários aspetos.

Vamos supor que tu és defesa, para teres uma melhor análise. Quando os meus jogadores me vêm a ir do corredor esquerdo para o lado direito eles já sabem que quem vai bater a bola sou eu. Então tu tens uma formação de três linhas na área. Tens alguns que a olho nu estão dentro de área e dão a sensação que vão ser apanhados em fora de jogo, mas eles estão ali estrategicamente, tens a linha de defesa adversária, geralmente colocada na linha de grande área, e tens a restante da minha equipa ali muito colada a essa linha defensiva.

Na mesma altura que eu arranco para a bola, essa linha, que está fora de área, avança, e aqui começa o caos. Tu és defesa, a bola já vai a sobrevoar, tu vais a correr para trás, o individuo que tu pensavas que ia estar fora de jogo ficou parado até eu bater a bola, mas agora já está novamente nas tuas costas, e tu vais a andar para trás, tens de tomar atenção ao jogador que já estavas a marcar, tens outro nas costas, e se tu tocas mal a bola ela corre o risco de sofrer uma trajetória para a baliza.

Hipótese 1. A bola é batida para o segundo poste, não toca em ninguém, mas como está um grande aglomerado de jogadores num curto espaço de terreno, pode tirar visibilidade ao guarda redes.

Hipótese 2. Qualquer defesa pode tocar a bola e como vais a correr para trás vais ter pouca elevação para bater a bola de cabeça para frente.

Hipótese 3. Vai sempre um avançado ou médio junto ao segundo poste para uma emenda. Portanto, este tipo de lance é muito mais perigoso que o lance anterior e, regra geral, nenhum defesa gosta deste tipo de lance. Já nos livres frontais não há grande coisa a acrescentar pois são lances que a bola vai de forma direta à baliza, e aqui vai depender do batedor da bola, se bate com o pé direito ou esquerdo, se tem batido bem ou não nos últimos livres, por causa do fator confiança etc.

P- Imagina que o jogo começa e a tua equipa sofre um golo no primeiro minuto ou nos primeiros cinco minutos. Qual é a sensação da equipa?

R- Em primeiro lugar, cai por terra todo o plano que tu tinhas para o jogo e que preparaste durante toda a semana.

Em termos anímicos, não afeta muito porque sabes que mesmo já contando com os tempos de descontos de ambas as partes tu tens na mesma 90m ou 80m de jogo, mas agora estás a perder.

Portanto, primeiro, não deixar esse golo afetar psicologicamente a equipaessa é logo a primeira regra, e reagir rapidamente. Óbvio que agora terás de empatar a partida para voltar ao ponto 0 e voltar a fazer tudo aquilo que estava planeado, mas o primeiro processo interno é nunca cair animicamente nem pensar precocemente no resultado, porque isso vai claramente afetar toda a equipa.

Depois pode trazer ou não algumas condicionantes ao jogo, regra geral não traz, porque quem marca vai sempre tentar fazer o seu jogo de forma normal, porque sabe que recuar linhas, só porque marcou nos primeiros minutos, pode ser ali uma tática kamikaze. É comum é veres o oposto, a equipa marca, e a tendência é subir linhas para te condicionar ainda mais a tua transição defesa ataque.

E Agora com a “Camisola de Apostador”

P - Por exemplo, do ponto de vista de apostador, é comum ver equipas a sair ao intervalo a vencer por 2 ou 3 golos, na segunda parte entramos a favor de mais golos, mas os golos não saem. Porque é que isso acontece?

R – Isso vai depender sempre da equipa, mas na verdade uma equipa que já marca o segundo golo dependendo do tempo de golo ela vai relaxar, é pratica comum em quase todas as equipas. Com um resultado de 2 golos de diferença tens tendência a relaxar, no teu psicológico tu sabes que para perder tens de sofrer 3 golos e se tiveres confiança na defesa, vais quebrar o ritmo de jogo e isto vale para a primeira ou segunda parte e vale para o Porto ou Casa Pia, vais aproveitar os momentos de paragens para queimar mais uns segundos. Isso acima de tudo só serve para enervar o adversário que tem de ir em busca de golos rapidamente e, regra geral, quando vês mais golos é porque o teu adversário está a procura de golos balanceado no ataque e acaba por sofrer golos em contra golpe.

Porém, como disse, isso vai depender muito das equipas. Tiveste recentemente um Bayern Munich que saiu a perder para o intervalo por 2 golos e fez uma recuperação fantástica. Pode-se dizer que foi mérito do Bayern? Quem viu o jogo foi um misto. Um relaxamento excessivo do Mainz que tinha apenas de controlar o resultado, aliado a um golo cedo do Bayern na segunda parte, e uma coisa que foge ao adepto comum, mas em termos psicológicos, quem marca um golo, está sempre mais próximo de fazer outro do que sofrer, e foi isso que aconteceu no jogo do Bayern.

P - Para ti qual é o melhor momento do jogo?

R - Voltamos ao Bayern. Sem dúvida o intervalo. É a altura em que caso as coisas não estejam a correr bem, podes corrigir algumas posições, elaborar ou retificar algum tipo de jogada que não estavas a fazer.

Para quase todos os jogadores o melhor tempo é o do intervalo, por isso é que na resposta anterior disse que depende da equipa e da necessidade. Tens equipas que estão formatadas para terminar o jogo como se o jogo só tivesse 45m. Isso é muito comum veres, por exemplo, em equipas que frequentem competições europeias: elas têm o seu objetivo a nível nacional, mas têm de pensar também nesses jogos, então o mais frequente é tu veres uma equipa que entra fortíssima no primeiro tempo de forma a chegar ao golo o mais rápido possível e matar o jogo com o segundo golo ainda na primeira parte, e, neste caso, falando de equipas de escalão europeu, o segundo golo é mesmo matar o jogo porque dificilmente vais ter equipas com capacidade de revirar esse resultado. Falo de equipas portuguesas, por exemplo, como Porto, Benfica, Sporting, Braga, porque depois, no geral, mesmo com as substituições, essas equipas têm um padrão de ataque e posse de bola muito forte que lhes permite fazer um controle do jogo a seu favor sem sofrer grandes calafrios.

Mas, no geral, a primeira parte para maior parte do grupo de equipas é mais atípica porque no teu interior tu sabes que tens mais 45m pela frente e não vais forçar muito, correr como um louco, vais gerir isso tudo, porque não fazes ideia como será a segunda metade da partida, então na primeira parte fazes uma gestão do tempo, gestão física. Mas como disse, isto é o que acontece na maioria das equipas e depois cada equipa joga aquilo que o adversário lhe permite jogar, o que não invalida que não vejas equipas e jogos com bastantes golos na primeira parte no geral, e jogos muito movimentados na primeira parte. Isto já vai treinado de casa, para cada ação há uma reação isso aplica-se muito no futebol.

O intervalo é a altura em que, caso as coisas não estejam a correr bem, podes corrigir algumas posições, elaborar ou retificar algum tipo de jogada que não estavas a fazer.

P - No mundo das apostas temos um mercado chamado Over Limite. Tentar pegar mais um golo a partir do minuto 75/80m. Vamos supor que o jogo Juventus vs Parma: está 1-1.aos 80m. Se tu fosses apostador, que critérios levarias em conta para entrar ou não em busca desse golo?

R - Sem dúvida nenhuma, o setor defensivo do Parma e número de ataques e cantos do Parma.

P - Fiquei baralhado. Número de cantos do Parma? Podes especificar?

R - Só existem três maneiras de tu obteres um golo nessas alturas de jogo: uma bola parada, um remate fora de área ou um erro defensivo.

Não existe no planeta outra hipótese. Daí que quando tu tens uma equipa mais favorita, e suponho que aqui procuras um golo mais para o lado da Juventus, tens de estar atento a esses números obrigatoriamente, número de ataques e número de cantos dessa equipa teoricamente mais fraca e isso tem uma explicação que nós treinamos e estudamos.

Se tu, neste caso, tens um Parma, que se limitou a defender, fez esporadicamente um ou outro ataque, nada relevante, sem grande perigo na baliza adversária, nesta altura, a defesa do Parma está muito mais fresca que o ataque adversário, muito por conta que os atacantes correram bastante mais, para criar espaços, vir buscar a bola atrás, levá-la para a frente, fazer uma pressão constante na frente de ataque e isso leva a um grande desgaste.

Tendo Ronaldo na equipa e, apercebendo-se disso, a Juventus passa ao Plano B. Arranjar forma de sofrer o maior número de faltas possível à entrada da área. Vês uma defesa fresca do Parma, a controlar bem e o necessário, não vês a Juventus rematar de fora de área, a criar livres, desiste. O golo até pode chegar, mas vai ser muito difícil isso, vai acontecer uma vez ao acaso num ato isolado.

Se por outro lado, tiveste um Parma ativo, que bateu o pé à Juventus, atacou, criou perigo, fez vários cantos, o teu ponto forte pode estar aí. O desgaste provocado pelo ataque da Juventus na defesa do Parma, mais as vezes que os centrais tiveram de ir marcar o canto e recuperar rapidamente a sua posição, vezes o número de cantos, mais o desgaste que continuaram a sofrer, os laterias exatamente a mesma coisa, o mesmo desgaste, através do cansaço normal nessa altura de jogo. O cansaço traz desconcentração, são duas coisas que andam de mão dada no futebol, inevitavelmente, pode até não sofrer naquele jogo, por algum motivo, mas invariavelmente vai ser mais as vezes que vai sofrer do que as que não vai sofrer.

Tens o exemplo da época passada em que em 6 jogos consecutivos nós, ou estávamos na frente do marcador ou empatados, e em todos os 6 jogos sofremos golos muito perto ou já nos descontos, porque estivemos sempre em ataque contínuo e o cansaço foi o nosso inimigo. Com as grandes equipas isso já não é recorrente, porque como são equipas de muita posse de bola, sobretudo no campo de ataque, isso permite a defesa recuperar fisicamente.

P - Nós apostadores ficamos por vezes frustrados com equipas favoritas em jogos de taças. Porque é que os clubes facilitam tanto nas taças?

R - Não tem a ver com facilitar. Tem a ver com um organograma de planeamento de época. Faz parte das competências do treinador, em reuniões de direção, fazer parte integrante da gestão financeira do clube. Portanto, o treinador é responsável, além dos resultados, por gerir a equipa, fisicamente, psicologicamente e financeiramente.

Vamos pegar no exemplo do Porto que é o exemplo perfeito. O planeamento do Futebol Clube do Porto para a presente temporada deve ser a seguinte: conquistar o campeonato, conquistar as taças internas e tentar ir o mais longe possível na Champions, que lhe vai trazer um retorno financeiro tremendo. Isto é metade daquilo que o Sérgio Conceição tem para gerir. Ele sabe nesta altura, quais os jogadores que têm uma perspetiva de sair no final da época. O que ele faz é em conjunto com a equipa técnica, arranjar soluções para essas posições dos jogadores que vão sair. E aqui entram os jogos de taça.

Se tu já tens um Porto muito favorito contra uma equipa da terceira divisão por exemplo, o Porto é muito favorito a vencer seja em casa ou fora. Então esse jogador, que pode ser uma alternativa na saída de um jogador da equipa principal vai jogar para ganhar ritmo com os restantes colegas. Agora, sejamos honestos, e sem ofender ninguém, os jogadores do Porto sabem que têm qualidade técnica para a qualquer altura meter uma bola na baliza e, por isso, estão muito mais descontraídos porque o golo, mais minuto menos minuto, pode sair.

Do outro lado estão uns Zés, que competem numa terceira divisão e aquele é o jogo da vida deles, na maioria dos casos. Mas o ponto fulcral está aqui. Os Zés, estão a jogar contra um grande favorito, onde também não têm nada a perder porque a pressão está do lado do Porto, e estão com um fator de motivação mais alto que o pico do Evereste, falamos disso lá atrás. Motivação. O Zé está a fazer quem sabe o jogo da vida dele, motivado, sabe que está a ser visto pelo país inteiro, e é impensável naquele momento ele não pensar noutra coisa que se fizer um bom jogo, ele pode ter uma porta de saída que lhe permita outros voos na carreira.

A jogar em casa desse mesmo clube, a motivação é ainda superior, num terreno muita das vezes com dimensões reduzidas e ao qual os grandes não estão habituados a jogar, com relvados menos bons, e à medida que o tempo vai passando, cada vez mais os Zés acreditam se marcarem um golo, e se colocarem uma tática extremamente defensiva, o Porto pode estar aqui na eminência da derrota.

Do lado contrário, o que os favoritos pensam é que realmente está na hora do golo, mas as dificuldades cada vez são maiores e aqui começa o fator relógio a contar.

Invariavelmente, o jogo estando empatado, pelo que falámos do fator cansaço anteriormente, como a equipa mais fraca não está com um ritmo tão rotinado, vai acabar por ceder. Mas tudo isto passa por uma gestão de planeamento de época, colocando jogadores secundários com a intenção de criar rotinas com objetivo financeiro em mente, e poupança física para jogos de maior dimensão e necessidade.

P - Eu continuo a pensar que os grandes clubes na próxima época vão ter ainda mais dificuldade devido ao Europeu e muito por culpa da falta de descanso dos jogadores dessas equipas. Como é que vês o futuro?

R - Isso é uma ideologia completamente assertiva, e que temos vindo até a discutir. As grandes equipas como têm sempre um grande número de internacionais, vão ter de fazer uma gestão de esforço muito, muito maior que na atualidade e isso, de facto, pode trazer alguns dissabores a alguns clubes, que jogam contra equipas que na teoria estão muito mais frescas fisicamente.

É algo que vocês no vosso mundo até podem vir a explorar a vosso favor em algumas posições. Até porque se falarmos de Portugal, especificamente, que é um país que não tem grandes posses de investimento de grandes craques, aquilo que eu prevejo para colmatar isso é uma grande entrada de brasileiros, pela relação preço/qualidade, que não jogaram o Europeu, que já vêm com as suas rotinas físicas porque os campeonatos no Brasil têm outras datas de início, mas que carecem ao mesmo tempo de um período de adaptação à equipa e ao campeonato. E aqui, pode estar a vantagem de alguns clubes, aproveitar de certa forma essa questão a seu favor, mas não prevejo facilidades na próxima época para ninguém, e aquilo que muito provavelmente vamos assistir é um campeonato muito mais equilibrado sem dúvida.

P - Analisando a temporada atual. Se fosses apostador em quem é que apostavas para ser campeão?

R - Neste momento, por tudo aquilo que tem feito, o Sporting. Tudo corre bem ao Sporting, nesta altura, e isso é fruto de um segredo chamado balneário. Neste momento, nós apercebemo-nos disso facilmente ao ver um jogo, e é claramente notório que o Sporting respira e transpira saúde e felicidade naquele balneário, mesmo com um treinador que pode não ser muito experiente, mas é novo, bom palestrante, quer mostrar serviço e isso, regra geral, são armas difíceis de bater. Além de que o Sporting, afastado das competições Europeias, na reta final do campeonato isso vai fazer toda a diferença a nível físico, mas é só uma opinião.

Acompanha toda a emoção do campeonato português. Nesta página encontras estatísticas, resultados e previsões dos grandes jogos da temporada.
 

P - Se fosses apostador, com base na tua experiência de jogador e à semelhança de ex-jogadores que se tornaram apostadores, que critérios terias em conta, sabendo que ao entrar no mercado, para garantires retorno financeiro, a tua análise teria de estar certa?

R - Olha eu tive um professor na universidade, que uma vez me disse uma frase que trago para a vida: “A informação infinita, traduz-se em prática de trabalho zero”.

O que ele quer dizer com isto é que, quando mais informação tu tiveres, menos vais saber como a usar, porque a informação é tanta, que nem sabes por onde começar, se não tiveres um critério definido do que pretendes fazer.

Se eu fosse apostador, uma das coisas que teria de ter em conta de certeza era começar a procurar e identificar mercados para os quais estaria talvez mais apto a trabalhar, pois o mundo das apostas é um mundo muito complexo, com imensa coisa onde se pode trabalhar e, na minha modesta opinião, embora apenas tenha umas luzes dadas por amigos que o fazem, teria mesmo de aprender determinadas situações.

Se eu estiver a ver um jogo de futebol, sei identificar os momentos de jogo, consigo com relativa facilidade ver quem está ou não mais próximo de marcar um golo ou chegar à vitória, mas muito provavelmente isso seria muito pouco para uma projeção de trabalho. Por ter um conhecimento mais profundo dos nossos campeonatos, e ser mais fácil obter informações importantes, muito provavelmente no início ficar-me-ia pelas nossas ligas, que em abono da verdade, na minha visão, posso estar errado, são muito boas para talvez se trabalhar como apostador.

A minha ideia é se tu trabalhas com algo que conheces, tens fácil acesso de informação, provavelmente será mais fácil. É mais fácil para mim arranjar uma informação da Segunda ou Primeira Liga do que da La Liga ou Première League, mas como disse, era um caso a estudar.

Se eu fosse apostador, uma das coisas que teria de ter em conta de certeza era começar a procurar e identificar mercados para os quais estaria talvez mais apto a trabalhar.


Perguntas Frequentes

É quase indiscutível que, atualmente, as odds são influenciadas por vários fatores, que vão para além das equipas por si só. As notícias que antecedem o jogo ou a ausência de um determinado jogador podem representar mudanças significativas nas odds. 

Na hora de apostar, a escolha pela equipa de casa ou visitante é muito importante. É dado comum, entre apostadores, que o fator casa é uma vantagem e que, principalmente, está presente nas diversas ligas e campeonatos. A presença de público nos estádios é fundamental e crucial em momentos-chave. 

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Comentários (2)
  1. pedropereira14 14 jan 2021 - 18:17
    Parabéns...excelente conteúdo...só seguir a regra...reduzir apenas á informação necessária
  1. JVASCONCELOS 15 jan 2021 - 11:08
    Do que li saliento 2 coisas: "quanto mais informação tiveres, menos vais saber como a usar"; "mais fácil informação da Segunda ou Primeira liga do que La Liga ou Première League".
    Tudo o mais escrito deve alertar os apostadores principiantes ou recreativos para a complexidade das apostas não sendo novidade para os mais experientes